Coordenação Federativa e a Política Municipal de Saúde no município de Viçosa, MG
DOI:
https://doi.org/10.20435/inter.v25i3.3334Palavras-chave:
coordenação federativa, responsabilidade, autonomia, comando, política municipal de saúdeResumo
O presente artigo trata da coordenação federativa da política de saúde. A federação brasileira estabelecida pela Constituição de 1988 determinou maior autonomia municipal, entretanto, na década de 1990, observou-se a necessidade de que o governo federal exerça a coordenação de determinadas políticas públicas, destacando-se a política de saúde. O presente estudo se propõe a analisar como o município de Viçosa, MG, posiciona-se, no que diz respeito à política de saúde, diante da coordenação federativa exercida pelo governo federal. A fim de cumprir o objetivo, realizou-se um estudo de caso qualitativo da política de saúde do município de Viçosa, MG, sendo realizado um estudo em profundidade. Para a coleta de dados, foram utilizados três métodos, sendo entrevistas com 22 sujeitos, observação e análise documental, caracterizando a triangulação sequenciada de técnicas de coleta de dados. A partir dos dados coletados, foi realizada a análise de conteúdo baseada em três categorias: “Comando”, “Autonomia” e “Responsabilidade”. Conclui-se que o governo municipal reage às diretrizes nacionais, e que, em função do predomínio da indução do governo federal, da reduzida autonomia normativa e financeira e da falta de capacidade do governo municipal em propor programas que sejam peculiares ao município de Viçosa, MG, as demandas de saúde assimiladas pela governança pública do município são as determinadas e estabelecidas pelo governo federal, compatíveis com as necessidades municipais, sendo a coordenação federal determinante para o efetivo atendimento das demandas municipais de saúde.
Referências
ABRUCIO, F. L. Três agendas, seus resultados e um desafio: balanço recente da administração federal brasileira. Desigualdade e Diversidade – Dossiê Especial, São Paulo, 2011.
ABRUCIO, F. L. A coordenação Federativa no Brasil: a experiência do período FHC e os desafios do governo Lula. Revista de Sociologia Política, n. 24, junho 2005a.
ABRUCIO, F. L. Reforma do Estado no federalismo brasileiro: a situação das administrações públicas estaduais. Revista de Administração Pública, Rio de Janeiro,2005b.
ABRUCIO, F. L.; COSTA, V. M. F. Reforma do Estado e o Contexto Federativo Brasileiro. Pesquisas, São Paulo, n. 12, 1999.
ABRUCIO, F. L.; FRANZESE, C. Federalismo e Políticas Públicas: o impacto das relações intergovernamentais no Brasil. In: ARAÚJO, Maria Fátima Infante; BEIRA, Lígia. (Org.). Tópicos de Economia Paulista para Gestores Públicos. 1. ed. São Paulo: Edições FUNDAP, 2007. v. 1. p. 13–31.
ABRUCIO, F. L; FRANZESE, C.; SANO, H. Coordenação e Cooperação no Federalismo Brasileiro: avanços e desafios. Livro 9. V. 1. Brasília: Ipea, 2010.
ABRUCIO, F. L.; SANO, H. A experiência de cooperação interestadual no Brasil: formas de atuação e seus desafios. Cadernos ADENAUER, São Paulo, v. 4, p. 22–31, 2011.
ARRETCHE, M. Federalism and Place-Equality Policies: a case study of Policy design and outputs. EUI Working Papers, SPS, San Domenico di Fiesole, v. 19, p. 1–25, 2009.
ARRETCHE, M. Federalismo e políticas sociais no Brasil: problemas de coordenação e autonomia. São Paulo em Perspectiva, São Paulo, v. 18, n. 2, p. 17–26, 2004.
ARRETHCE, M. Financiamento federal e gestão local de políticas sociais: o difícil equilíbrio entre regulação, responsabilidade e autonomia. Ciência e Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 8, n. 2, 2003.
BARDIN, L. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 1997.
BRASIL. Portaria MS n. 3.992, de 28 de dezembro de 2017. Altera a Portaria de Consolidação nº 6/GM/MS, de 28 de setembro de 2017, para dispor sobre o financiamento e a transferência dos recursos federais para as ações e os serviços públicos de saúde do Sistema Único de Saúde. Brasília-DF, 2017. Disponível em: www.cosemsmg.org.br. Acesso em: 4 abr. 2018.
BRASIL. Lei n. 8.080, de 19 de setembro de 1990. Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências. Brasília-DF, 1990. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8080.htm. Acesso em: 4 abr. 2016.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal, 1988.
BUENO, W. S.; MERHY, E. E. Os Equívocos da NOB 96: uma proposta em sintonia com os projetos neoliberalizantes? In: CONFERÊNCIA NACIONAL DE SAÚDE ONLINE. Temas para Debate II – Descentralização da Gestão da Saúde. Brasília-DF, 1997.
CRESWELL, J. W. Investigação qualitativa e projeto de pesquisa: escolhendo entre cinco abordagens. Tradução de Sandra Mallmann da Rosa. 3. ed. Porto Alegre: Penso, 2014.
CRESWELL, J. W. Projeto de Pesquisa: métodos qualitativo, quantitativo e misto. Tradução de Luciana de Oliveira da Rocha. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2007.
FRANZESE, C. Federalismo cooperativo no Brasil: da Constituição de 1988 aos sistemas de políticas públicas. 2010. Tese (Doutorado em Administração de Empresas) – Fundação Getúlio Vargas, São Paulo, 2010.
IMMERGUT, E. M. Health politics interests and institutions in Western Europe. Londres: Cambridge University Press, 1992.
MACHADO, J. A. Federalismo e Poder de Veto: federalismo, poder de veto e coordenação de políticas sociais no Brasil pós-1988. Organização e Sociedade, Salvador, v. 21, n. 69, abr.- jun. 2014.
MACHADO, J. A. Políticas Públicas descentralizadas e problemas de coordenação: o caso do Sistema Único de Saúde. Tese, 2007.
MACHADO, J. A.; MENICUCCI, T. M.; GUIM, A. L. S. Direitos iguais, relações desiguais: transferências intergovernamentais e escolhas orçamentárias no setor saúde em municípios de pequeno porte. Relatório de Pesquisa executada com apoio financeiro do Fundo de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais – Edital FAPEMIG 001/2012, fev. 2015.
MARQUES, R. M.; MENDES, A. A política de incentivos do Ministério da Saúde para a atenção básica: uma ameaça à autonomia dos gestores municipais e ao princípio da integralidade? Caderno de Saúde Pública, Rio de Janeiro, n. 18 [Suplemento], p. 163–171, 2002.
OBINGER, H.; LEIBFRIED, S.; CASTLES, F. G. (Ed.). Federalismo and the Welfare State: new world and European experiences. Cambridge University Press, 2005.
OLIVEIRA, V. E. O municipalismo brasileiro e a provisão local de políticas sociais: o caso dos serviços de saúde nos municípios paulistas. Tese (Doutorado em 2007) – Universidade de São Paulo, 2007.
PIERSON, P. Fragmented welfare states: federal institutions and the development of social policy. Governance: An International Journal of Policy and Administration, Cambridge, and 108 Cowley Road, Oxford, 0x4, IJF, UK, v. 8, n. 4, p. 449–78, 1995.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2023 Tainá Rodrigues Gomide Souza Pinto, Iva Ckagnazaroff
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Direitos Autorais para artigos publicados nesta revista são do autor, com direitos de primeira publicação para a revista. Em virtude de aparecerem nesta revista de acesso público, os artigos são de uso gratuito, com atribuições próprias, em aplicações educacionais e não-comerciais.