Vinhos do Cerrado de altitude: o desenvolvimento de uma nova fronteira vitivinícola em Brasília, DF

Autores

DOI:

https://doi.org/10.20435/inter.v25i4.4691

Palavras-chave:

vitivinicultura, Distrito Federal, terroir, indicação geográfica

Resumo

O vinho está ligado com a história da civilização ocidental e, ao longo da história, vem se expandindo para novas fronteiras. No Brasil, novas regiões vêm se desenvolvendo, seja na vitivinicultura tradicional, seja na viticultura tropical e nos vinhos de inverno. O artigo analisa o processo de inserção da vitivinicultura no Cerrado de altitude, destacando a integração com o território e as perspectivas em termos de desenvolvimento local. A pesquisa tem natureza qualitativa e exploratória e contou com dados primários e secundários. Foi realizada pesquisa bibliográfica e documental e também entrevista com produtores de uvas viníferas da região. Os resultados mostram a presença de um produto com identidade territorial, que já vem integrando elementos locais. O levantamento mostra a disponibilidade de diversos recursos territoriais que podem ser valorizados, em termos de patrimônio, cultura e paisagem, e a presença de pesquisas para apoiar o novo setor. Pode ser identificada a presença de elementos comuns em outros territórios do vinho nos aspectos de terroir, paisagem e enoturismo. Os resultados preliminares apontam para um potencial de denominação de origem, a partir do aprofundamento dos estudos e caracterização dos vinhos do Cerrado de altitude.

Biografia do Autor

Shana Sabbado Flores, Instituto do Rio Grande do Sul (IFRS)

Doutorado em Geografia com tese relacionada à vitivinicultura sustentável em cotutela entre a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e Université de Bourgogne. Mestre em Geografia pela UFRGS, Master em Management et Système d'Information de la Chaine Logistique pela Université Pierre Mendes France – Grenoble 2. Graduação em Administração de Empresas pela UFRGS. Professora de Administração no Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS), campus Bento Gonçalves. Atualmente, trabalha na coordenação do Mestrado Profissional em Viticultura e Enologia (PPGVE), do qual participou da elaboração do projeto e da implantação.

Rafael Lavrador Sant'Anna, Instituto Federal de Brasília (IFB)

Pós-doutorado pela Universidade Nacional da Malásia (UKM) no Institute of Ethnic Studies. Doutorado em Geografia pela Universidade de Brasília (UnB). Mestre em Agronegócios pela UnB. Especialista em Marketing e Redes Sociais pela União Brasileira de Faculdades (UniBF). Bacharel em Ciências Econômicas pela Universidade Estadual de Londrina (UEL). Atualmente, é coordenador do projeto de extensão “Desenvolvimento do enoturismo no Distrito Federal” e do projeto “Estudo dos potenciais para o desenvolvimento do terroir vitivinícola do Distrito Federal: fatores ambientais, humanos e perspectivas de sustentabilidade”. É pesquisador do Grupo Gastronomia e(m) Desenvolvimento. Sua linha de pesquisa engloba bioenergia, cadeias produtivas, economia regional, viticultura e enoturismo. Professor da Área de Gestão e Negócios do Instituto Federal de Brasília (IFB), campus Brasília. 

Leonardo Cury da Silva, Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS)

Doutorado em Fitotecnia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Mestrado em Produção Vegetal pela Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC). Mestrado sanduíche na Università Di Bologna L'Alma Mater Studiorum (UNIBO) Bologna/Itália. Graduação em Agronomia pela UDESC, graduação sanduíche na Universidad del Mar, Valparaíso, Chile, e graduação em Formação Pedagógica de Docentes para a Educação Básica e Profissional pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul (IFRS). Atualmente, é professor do IFRS, coordenador adjunto e professor do Mestrado Profissional em Viticultura e Enologia. Faz parte de diversos projetos envolvendo empreendedorismo, inovação, transferência de tecnologia, sustentabilidade e viticultura 4.0. Atua na estruturação de espaços de promoção do empreendedorismo e inovação, membro do Click – espaço de inovação do IFRS, Campus Bento Gonçalves, do Click-UP, pré-incubadora e ClickLabs, hub de inovação polo para a região da Serra Gaúcha e Hortências no Programa StartupLab.

Priscila Silva Esteves, Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS)

Pós-Doutorado em Administração (Marketing) pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Doutorado em Administração (Marketing) pela UFRGS. Mestrado em Administração (Marketing) pela UFRGS. Especialização em Pedagogia Empresarial pela Escola Superior Aberta do Brasil (ESAB), Extensão em Formação Pedagógica pela Federação dos Estabelecimentos de Ensino Superior em Novo Hamburgo (FEEVALE) e Graduação em Administração de Empresas pela UFRGS. Atualmente, é professora no Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS), campus Viamão. Atua como pesquisadora do Grupo de Pesquisa em Tecnologia e Ciências da Decisão (IFRS).

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Publicado

2024-12-19

Como Citar

Flores, S. S. ., Sant’Anna, R. L., Silva, L. C. da, & Esteves, P. S. . (2024). Vinhos do Cerrado de altitude: o desenvolvimento de uma nova fronteira vitivinícola em Brasília, DF. Interações (Campo Grande), 25(4), e2544691. https://doi.org/10.20435/inter.v25i4.4691